O novo preço do óleo diesel vendido nas refinarias, que passa a valer a partir de hoje, segundo anúncio da Petrobras, impacta diretamente o custo do transporte público e pode elevar o preço médio da passagem de ônibus em 2,2%, segundo cálculo da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU). O combustível representa 26,6% do custo das empresas operadoras do transporte público, sendo o segundo item de custo que mais pesa no valor da tarifa, depois da mão de obra. O aumento do diesel chega num momento preocupante, segundo a entidade, já que a maioria dos contratos de concessão prevê que as revisões tarifárias sejam realizadas no primeiro trimestre do ano; 40 cidades brasileiras já realizaram reajustes em suas tarifas e dezenas estudam os novos valores a serem aplicados.
Se for computado o custo do reajuste do diesel dos últimos 12 meses, o impacto sobre o valor médio da tarifa é ainda maior: 18,8%. "As empresas não sabem mais como lidar com esses aumentos recorrentes do óleo diesel, que inevitavelmente terão que ser repassados para o custo das tarifas", esclarece Otávio Cunha, presidente-executivo da NTU. Em 12 meses, o diesel já acumula alta de 70,8% no preço.
A NTU também alerta para o risco de uma nova onda de aumentos de tarifa com o novo preço do combustível. "Vai aumentar a pressão para o reajuste nas demais cidades, para incluir na conta mais esse aumento do diesel", alerta Otávio Cunha e esclarece que "as empresas não vão conseguir absorver mais esse peso e muito menos o cidadão de baixa renda, maior usuário do serviço de transporte público por ônibus no Brasil".
Já o preço da gasolina, segundo a Ativa Investimentos, segue defasado em 5% mesmo após reajuste. Mesmo com o anúncio da Petrobras de elevação em cerca de R$ 0,15, ainda há espaço para um novo reajuste de acordo com o cálculo de defasagem feito pela Ativa Investimentos.
"As duas variáveis mais relevantes para o cálculo de defasagem são o câmbio e o preço do barril de petróleo no cenário internacional. A elevação no preço do barril de petróleo internacional, sendo negociado próximo aos US$ 82 na terça-feira, segue pressionando o preço da gasolina. Em contrapartida, nos últimos dias o câmbio apreciou e está cotado em R$/U$S 5,61, fato importante que deixa um espaço para aumento de 5% no valor do combustível", explica Guilherme Souza, economista da corretora.
O economista-chefe da Ativa Investimentos, Étore Sanchez, diz que já havia incorporado a defasagem nos cálculos de IPCA, e que considera que a elevação no preço, terá impacto na bomba a partir das duas próximas semanas.
"Nossa perspectiva para a inflação de fevereiro não sofrerá grandes alterações e seguimos esperando alta de 0,99%", finaliza.
Fonte: Monitor Mercantil
Comentários
A Atem’s faz parte do grupo da Amazônia Energia, que recebeu em 2017 uma liminar que lhe dava isenção de PIS e Cofins. Estima-se que a empresa tenha deixado de recolher cerca de R$ 1,8 bilhão em tributos nesse período.
A redução da carga tributária tem sido vista como um dos motivos que possibilitaram o crescimento da Atem’s, incluindo o pedido de autorização de emissão de R$ 500 milhões em debêntures em dezembro de 2020.
As refinarias da Petrobras poderiam aumentar a produção de derivados com algumas modernizações, melhorias e expansão.
Isto sim é comprovadamente sonegação de impostos, benefícios, regalias, privilégios e concorrência desleal.
E ao contrário do que se escreve aqui com enorme frequência - de forma incompetente e até irresponsável - a importação se faz sobretudo através de empresas brasileiros ( ATEM e Ipiranga ). Os fornecedores internacionais são os mais variados, com forte participação dos indianos. Mas os desinformados continuam acusando a Shell, que tem demonstrado cada vez menor interesse em sua presença no mercado brasileiro, tanto que vendeu metade de sua participação ao Grupo Ometto.
Ora, o que fica claro é que se a Petrobras praticar preços elevados, a importação fica mais barata e a Petrobras perde mercado. Se praticar preços abaixo do mercado, ocorre o inverso: os importadores perdem competitividade, reduzem sua participação e a Petrobras, que tem 70% do mercado, vai ter que importar com prejuízo.
Será que a AEPET não entende? E de que lado está?