Na manhã de hoje (25/06/2021) o atual presidente da Petrobrás Joaquim Sila e Luna compareceu em uma audiência na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados.
O comparecimento do general em uma comissão do Congresso já foi um fato positivo, que o diferencia de seus antecessores recentes, na Petrobrás.
No entanto, o atual presidente apresentou alguns argumentos falsos, utilizados por seus antecessores, como os dos supostos problemas financeiros da empresa e da dívida impagável, temas completamente desmontados por diversos artigos como "O mito da Petrobras quebrada" e muitos outros.
Tentou defender, sem muita convicção (porque não existe ), a política de preços da companhia, a qual erroneamente chama de Paridade Internacional, como muitos outros, e não de Paridade de Importação. Que são coisas muito diferentes.
Afirmou que os petroleiros aprovam a administração da companhia, pois se preocupou em nomear para a diretoria a funcionários de carreira, a chamada "prata da casa". Não atentou para o fato de que os nomeados impulsionaram suas carreiras nas últimas administrações (Parente,Monteiro e Castello) e que provavelmente não formem uma amostra representativa do pensamento dos petroleiros.
Falou da relevância da contribuição em impostos pela companhia, que em 2019 superou os R$ 200 bilhões, quando registrou um lucro de R$ 40 bilhões e em 2020 superou R$ 100 bilhões, quando registrou lucro de R$ 10 bilhões. Não se lembrou de dizer que o lucro de 2019 ( R$ 40 bilhões) foi fruto do resultado contábil da venda da TAG e da BR Distribuidora . Não reparou na brutal queda de pagamento de impostos entre 2019 e 2020, fruto do desmonte da empresa e de isenções tributárias exageradas.
Deixou de dizer que em 2020, pela primeira vez em sua história, a companhia pagou mais dividendos do que o lucro obtido.
Por último, mas não de menor importância, insistiu na frase "A Petrobrás desinveste para investir mais e melhor no Brasil". Neste assunto foi aparteado pelo líder do governo que disse, posteriormente apoiado pelo general, que o termo desinvestimento deveria ser alterado para a pérola "Realocação Estratégica de Reinvestimentos". Ou seja , eles têm especial preocupação com a palavra privatização.
Ocorre general, que, provavelmente pelo pouco tempo que o Sr. tem na empresa (e aqui fica o meu voto de confiança), não reparou bem nos quadros de Usos e Fontes apresentados nos planos estratégicos da companhia.
No plano para o período 2020/2024, foi apresentado o seguinte quadro:
Veja general, que a geração de caixa ( US$ 158/168 bilhões) é mais do que suficiente para cobrir os investimentos as amortizações e os juros ( 76+33+26+12 = 147 ). Portanto a "Gestão de ativos" (privatização) US$ 20/30 bilhões só existe para cobrir o pagamento de dividendos US$ 34 bilhões.
Fica mais claro ainda quando vemos o plano estratégico seguinte 2021/2025, que previu uma queda de receita e portanto diminuição da geração de caixa:
Veja general, com a redução da geração de caixa solução encontrada foi aumentar a privatização e reduzir os investimentos para manter o valor do pagamento de dividendos.
Portanto a Petrobrás desinveste para pagar dividendos e não para investir melhor no Brasil.
No final da audiência, o deputado Paulo Ramos PDT/RJ registrou a esperança de que o espírito do general Horta Barbosa inspirasse o general Luna e Silva.
Para quem não sabe o general Horta Barbosa em 1947, no clube militar, em discurso falou:
Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobras aposentado
Comentários
A redução dos investimentos teve como objetivo tão somente a maior geração de fluxo de caixa livre, que é resultado da geração de caixa descontada dos investimentos. Com maior geração de caixa livre e com as privatizações se objetiva maximizar o pagamento de dividendos para os acionistas no curto prazo conforme demonstrado graficamente em 30/6/2021, em detrimento do crescimento e do futuro do país e da Petrobrás, desta forma a totalidade de seu lucro após descontado os impostos 63% para acionistas e somente 37% para seu reinvestimento, lembrando que mesmo com esta sangria ainda é o maior arrecadador de impostos do Brasil, contribuindo para o país e a sociedade, porque esse montante financia educação, investimentos em tecnologia, saneamento básico, segurança pública, saúde, todos os fins que o Estado deveria dar.