A análise a seguir, quase um desabafo, é de Roberto Pereira D'Araujo, do Ilumina: "O velho aqui é teimoso e não desiste. A reportagem sobre o colapso dos reservatórios cada vez mais lembra o trajeto do Titanic. Bastaria o desvio de alguns graus na rota, e o navio sequer veria o iceberg. Enquanto estivermos olhando para os reservatórios vazios em novembro e não analisarmos o trajeto que nos colocou nessa situação, não aprendemos nada.
"Em primeiro lugar, não é verdade que a 'crise hídrica' atual, que vai culpar S. Pedro, La Nina e o desmatamento, seja inédita. O histórico de afluências dos rios brasileiros mostra que o período 1951–1956, conhecido como crítico, foi tão seco quanto o atual.
"Insisto em mostrar algo até hoje incompreendido inclusive por diversos analistas experientes. O leilão de 2008 contratou muitas térmicas caras (carvão, óleo e diesel). Elas compõem a 'oferta' de energia, mas no nosso singular sistema, o Operador evita usá-las em nome da redução do custo de operação. Quando aproximadamente 10.000 MW compõem uma energia muito cara, o ONS usa água no seu lugar. Portanto, por incrível que pareça, no Brasil, térmicas caras esvaziam reservatórios!
"Esse esgotamento do estoque não começou agora. Essa é a rota do Titanic que precisamos analisar. Por que um leilão genérico acabou contratando térmicas? Porque o mercado livre, que hoje representa 30% do consumo total, não participou da expansão de oferta, viciado em comportamentos especulativos sobre preços de 'sobras' e hidrologias favoráveis. O leilão gerou problemas por conta do custo de operação dessas usinas e foi necessária a Eletrobras oferecer parcerias minoritárias para o setor privado, caso contrário nem Belo Monte, nem Jirau, nem S. Antônio e nem Teles Pires sairiam do papel. Já imaginou esse cenário?
"O que me incomoda, depois de mais de 40 anos de setor elétrico, é exatamente o desprezo pelas trajetórias. Os que me criticam dizem que eu estou com o espelho retrovisor. Preferem apagar essa visão do trajeto percorrido e cometer erros que nem novos são. Ao contrário do que o governo afirma, nosso trajeto mostra um setor privado arredio e muito dependente de BNDES e Eletrobras. Seja o que S. Pedro quiser."
Fonte: Monitor Mercantil
Comentários
"A criação da Centrais Elétricas Brasileiras S.A. (Eletrobras) foi proposta em 1954 pelo presidente Getúlio Vargas. O projeto enfrentou grande oposição e só foi aprovado após sete anos de tramitação no Congresso Nacional." Foi aprovada a criação em janeiro de 1962. *pedia tem breve história.
No rumo de energia nuclear, a orcrim de Curitiba, condenou nosso maior realizador do campo de energia nuclear, o Alm. Othon. Casualmente, o meritíssimo Bretas, agora, alvo de suspeitas. Este último do RJ.
Então, vamos tirar "gestores dos últimos vinte" anos desta conta. Talvez possam ser incluídos os gestores dos último cinco anos de nossa democracia golpeada.