Nota aqui na coluna em 9–10 de novembro ("Acabou a trégua: Biden terá que dizer a que veio") analisava os resultados da eleição nos Estados Unidos e informava que a "classe trabalhadora fora dos grandes centros continuou com Trump".
Terça agora, o senador Bernie Sanders, que foi pré-candidato à presidência pelo Democratas, escreveu um ótimo artigo no The Guardian em que aborda o assunto e apresenta propostas para "evitar futuros autoritários". Sanders, que é da esquerda do partido – pelos padrões norte-americanos, um socialista, quase comuna – começa lembrando que Trump, apesar de derrotado com folga, teve 11 milhões de votos a mais que em 2016. E que boa parte do apoio veio dos milhões de cidadãos que perderam seus empregos, que recebem menos, em termos reais, do que há 47 anos e que vivem sem perspectivas.
Apesar de Trump ter colocado na administração o maior número de bilionários de todos os tempos, de ter reduzido o imposto dos mais ricos e ter tentado tirar 32 milhões de pessoas do sistema de saúde, ele ainda é visto como o cara durão que luta contra todos, todos os dias.
"Se o Partido Democrata quer evitar perder milhões de votos no futuro, ele deve se erguer e ajudar as famílias trabalhadoras de nosso país que, hoje, estão enfrentando mais desespero econômico do que em qualquer momento desde a Grande Depressão. Os democratas devem mostrar, em palavras e atos, o quão fraudulento é o Partido Republicano quando afirma ser o partido das famílias trabalhadoras", sentencia Sanders.
Ele prossegue: "Os democratas devem ter a coragem de enfrentar os poderosos interesses especiais que estão em guerra com a classe trabalhadora deste país há décadas. Estou falando sobre Wall Street, a indústria farmacêutica, a indústria de seguro-saúde, a indústria de combustíveis fósseis, o complexo industrial militar, o complexo industrial de prisões privadas e muitas empresas lucrativas que continuam a explorar seus funcionários."
O senador democrata lista uma série de medidas essenciais para atingir esses objetivos e finaliza com um alerta: "O trabalho dos democratas durante os primeiros 100 dias do Governo Biden é deixar absolutamente claro de que lado eles estão e quem está do outro lado. Essa não é apenas uma boa política pública para fortalecer nosso país. É como ganhar eleições no futuro."
Como analisado na nota do início do mês, estará Biden à altura dessa tarefa? Ou melhor, estará disposto a assumi-la? Os nomes até aqui anunciados para compor seu governo, a despeito do verniz da diversidade, são fortemente comprometidos com o establishment que deveriam confrontar. Se não o fizerem, resta o aviso de Sanders: "Vamos pavimentar o caminho para que outro autoritário de direita seja eleito em 2024."
Façam seu jogo
Trump dizia que a Bolsa de Valores cairia com a vitória de Biden. Nesta terça, com muita especulação e uso de dinheiro fácil, Nova York bateu recorde, acima de 30 mil pontos. E Trump investidor deve estar ganhando dinheiro em cima da derrota do Trump candidato à reeleição.
Fonte: Monitor Mercantil
Comentários
La como aqui o gado distraido continua a seguir
o tocador de berrante que o conduz ao matadouro.