Retorno ao tema que há quatro anos venho tratando aqui neste espaço. Ao olhar para a cadeia global do petróleo e sua geopolítica vemos a participação atual do Brasil nesse circuito econômico vivendo um processo de "nigerização". Não se trata de um menosprezo ao país africano, mas à sua realidade de país exportador da commodity petróleo cru, importador de derivados e que entrega sua maior riqueza mineral para petroleiras estrangeiras e controle de fundos financeiros globais.
É um processo instalado em 2016 (após o golpe institucional) e que nos dias atuais se amplia de forma importante. A venda anunciada (apelidada de desinvestimentos) nos últimos dias da venda total e/ou parcial de novos campos de petróleo nos polos de Marlim e Albacora se soma ao que já foi feito antes com entrega de áreas como o campo de Carcará, no colosso do pré-sal. Além de tudo que foi sendo entregue dia-a-dia, como as malhas de gasodutos, refinarias, petroquímicas, distribuidora de petróleo, etc. vão transformando o Brasil em uma nova Nigéria.
Mais uma vez repito, com todo respeito ao país africano, mas não se pode deixar de identificar como aquele importante país produtor de petróleo entregou a sua produção, beneficiamento e toda a cadeia produtiva do petróleo, às petroleiras estrangeiras e ao controle dos fundos financeiros globais.
Sobre o tema, acesse duas postagens do blog: 1) A primeira em 19 janeiro de 2019: Desverticalização nacional e re-verticalização global no setor de gás no Brasil: a contradição liberal;
2) A segunda em 28 de fevereiro de 2019 O mercado desintegra a Petrobras para deixá-la sob controle do mercado global no exterior. Elas comentam a interpretação desse processo expondo um esquema gráfico que reproduzimos ao lado.
Assim, se observa que segue em velocidade acelerada (por motivos claros) a desintegração da Petrobras com o fatiamento e o desmonte criminoso de suas unidades de maior valor, que estão sendo vendidas a preço de final de feira, no momento de baixa do preço do petróleo e ativos do setor.
Bom que se diga entrega de unidades que estão prontas, em funcionamento e gerando lucros, para serem controladas pelos fundos financeiros estrangeiros que já comandam outras petrolíferas. As refinarias no Brasil estão sendo vendidas já ociosas. O setor de refino mesmo aberto ao exterior desde o fim do monopólio promovido por FHC, na década de 90, nunca recebeu um projeto de nova refinaria destas players do setor.
Junto disso, antes a ANP reduziu as exigências de conteúdo local, o que leva milhares de empregos do Brasil, na medida em que os novos donos destes ativos compram equipamentos, tecnologia, geram empregos e tributos em seus países e não no Brasil. Fato que contribui para um definhamento do circuito econômico do petróleo que chegou a ser responsável por cerca de 13% do PIB do Brasil e mais de 1/3 no ERJ.
Assim, na prática coube à Petrobras explorar, descobrir e colocar em produção os gigantes campos e potentes bacias de Campos, Santos e o Pré-sal, agora entrega a preço de xepa suas descobertas e seus ativos. Bom lembrar que seis dos maiores campos de petróleo descobertos no mundo estavam no Brasil.
E o pior de tudo isso é o fato que esses dirigentes criminosos a serviço dos interesses a quem representam, vão assim deixando para a Petrobras a parte mais onerosa que é a de seguir explorando áreas offshore, águas muito profundas, inovando em tecnologias, equipamentos, protocolos e expertise de técnicos, para depois entregarem tudo de bandeja, a preço de xepa, aos fundos financeiros. Isso é crime de lesa-pátria, não há outro nome.
Portanto, considerando o porte de nossa produção e do nosso mercado consumidor, bem maior que a da Nigéria, o "case" brasileiro, infelizmente, já permite que o mundo troque o termo "nigerização", pela expressão "brasileirização". O mundo hoje enxerga o Brasil como um caso, em que uma nação opta por retornar à condição de colônia, uma espécie de "condado" ou "protetorado". Seguiremos questionando esse crime de lesa pátria: Petrobras, fica!
Roberto Moraes - Engenheiro e professor titular "sênior" do IFF (ex-CEFET-Campos, RJ)
Fonte: Brasil 247
Comentários
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Os comentários que fiz, aqui no sítio da Aepet, e que faço em outros, refletem minha preocupação de construir um Brasil em que os mais de 212 milhões de brasileiros e brasileiras possam viver com a dignidade a que todos têm direito.
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E a Petrobras, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Eletrobras, a Embrapa e outras empresas estatais têm crucial importância, são fundamentais para a construção desse país decente para todos.
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Do outro lado, pelo que vi de seus parcos comentários o senhor pensa apenas nos ganhos - lucros e dividendos - que algumas dezenas ou, quando muito, centenas de milhares de acionistas possam ter com ações das empresas que citei.
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Eu procuro pensar no todo. O senhor, em um bloco de gente que fica longe de compor 1% da população do nosso país. Ou seja, o senhor pensa no bem estar de uma ínfima parte do povo apenas.
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Eu mês propus a fazer um debate sereno, fraterno, colocando, com argumentos, minha visão radicalmente contrária às privatizações. Esperava o mesmo da sua parte.
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Vai que os seus argumentos a favor das privatizações me convençam de que estou errado. Terias ganho um aliado. Ou até mais, entre os que o leriam.
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Porém, o senhor optou pelo ranço e perdeu uma oportunidade de socializar a sua visão.
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P.S. Pelo que depreendi de seus parcos comentários, o senhor deve ter verdadeira ojeriza ao termo socializar. Então, o usei de propósito.
BOBAGENS EM CIMA DE BOBAGENS.
Fico triste pelo que se tornou a AEPET....um puxadinho do SINDIPETRO...da FUP....da CUT...e do PT....
Ou seja, através do Carf, em grossa corrupção, teria sumido um montante 6 vezes maior do que o que a Lava Jato disse ter sido roubado à Petrobras.
Pois, em clara e vergonhosa proteção ao grande empresariado privado, a mídia hegemônica tratou do assunto Zelotes o mais tangencialmente possível e logo o “esqueceu”. Ao mesmo tempo, seguiu descarregando suas baterias, insistente e diariamente, contra a nossa maior empresa. Uma prova a mais de seu inconteste entreguismo.
Mostra também de que a grande mídia não tem qualquer compromisso com a moralidade pública, com a boa destinação dos recursos públicos. E ainda vemos uma montoeira de gente a acreditar, piamente, no que é divulgado por essa mídia.
Pois, mesmo se mostrando imensamente preocupados com os recursos públicos, os procuradores tementes a Deus e pródigos em “convicções” da culpa de seus inimigos, aceitaram que a empresa entregasse uns R$ 10 bilhões para aliviar perdas de investidores dos EUA.
A acreditarmos que este tenha sido o verdadeiro objetivo desse saque ao caixa da Petrobras, os investidores brasileiros ficaram “chupando o dedo”, não precisavam de proteção.
E, pasme, mesmo se mostrando imensamente preocupados com o bom uso dos recursos públicos, os procuradores queriam meter a mão em nada menos de R$ 2,5 bilhões pertencentes à Petrobras para, supostamente, embalarem campanhas educativas visando a boa prática na gestão pública e ao combate à corrupção.
Continua
São pelo menos dois os grandes objetivos finais do sistema de poder que citei:
1-Evitar que um país de imensas riquezas desenvolvesse suas capacidades e seu potencial e viesse, em poucas décadas, se tornar um portentoso competidor dos States.
2-Criar oportunidades para que suas grandes corporações capitalistas possam se assenhorear das riquezas que nos pertencem.
Como a mídia hegemônica é fanaticamente privatista e antinacional, só poderia incensar o quanto pudesse a Lava Jato.
Por conta disso, esse capital privado vai acabar desviando a Petrobras do seu rumo de empresa pública que tem, portanto, uma função social relevantíssima a cumprir.
Como o capital privado quer ganhar mais e mais a cada período que passa, isso acontece hoje, a Petrobras se obriga a ir se desincumbindo de sua função social.
Já, como empresa pública, a finalidade da Petrobras é diametralmente oposta à prioridade do capital privado. É atender, prioritariamente, às necessidades do povo brasileiro e, por conseguinte, aos interesses do país.
Então, para o bem da esmagadora maioria dos brasileiros, mais de 99% de nós, PETROBRAS 100% ESTATAL.
Pois, se a mídia hegemônica é ferrenhamente contrária à Petrobras, eu sigo o ensinamento do “Tio Briza”: sou ferrenhamente favorável a nossa maior empresa. Mais que isso, convictamente favorável a que a Petrobras se torne 100% estatal, sem um centavo sequer de capital privado.
Continua
Caetano, lucido poeta, compositor e cantor fez uma musica estabelecendo um paralelo entre o Brasil e o Haiti pelas suas mazelas sociais ha tempos atras.
No momento atual a comparaçao com a Nigeria tem tudo a ver conosco.
Percebo por certos comentarios que a cachorrada bolsonazista continua a ladrar.
desiformados.
Brasil247 = LIXO!!!!