Para a maioria dos brasileiros – empregados da Petrobrás em particular -, que não tem acesso às informações especializadas, é uma oportunidade para se esclarecer, formar sua própria opinião e repassá-la para amigos e parentes.
Poderão verificar que as razões e pressupostos da mensagem do diretor comportam outras informações não contempladas. Como foi a injeção de recursos pelos EUA para proteger sua economia, particularmente o sistema financeiro, a desvalorização do dólar e queda dos juros que tiveram um significativo efeito sobre o preço do petróleo e seus reflexos na economia mundial.
A questão da dívida da Petrobrás, a venda de ativos e o Plano Estratégico e de Negócios focados numa empresa produtora de petróleo é discutida e confrontada com a estratégia das grandes companhias internacionais.
Ao comentar sobre a comparação do que a Petrobrás paga de juros pela sua dívida e as demais multinacionais do setor, comentam: ”É óbvio que a Petrobras tem de pagar mais juros do que as petroleiras citadas, uma vez que a dívida da companhia é maior que das outras. Mas a dívida é maior porque a Petrobras tem uma nova fronteira geológica para desenvolver, tem o pré-sal para investir e as outras não têm bons projetos há muito tempo.
As petroleiras citadas, tem visto suas reservas, produção, receita de vendas e geração operacional de caixa se degradarem nos últimos anos ...”
Na sua análise, o diretor citou 4 das 5 grandes empresas, as “majors”. Esqueceu "apenas" da Shell.
Mas esqueceu logo da Shell? Nelson Silva foi diretor presidente da Comgás, uma das maiores distribuidoras de gás do país, privatizada em 1999, no governo FHC, quando foi adquirida por um consórcio formado pela BG e a Shell.
Nelson Silva foi presidente da BG do Brasil, onde permaneceu até o início de 2016, quando concluiu o processo de venda da empresa para a Shell. Em junho de 2016 entrou para a Petrobrás.
Com um nível de endividamento similar à da Petrobrás, a Shell, exatamente por estar investindo e comprando ativos no nosso país e empresas, como a BG, para ter acesso às reservas do pré-sal. Vejam o quadro abaixo:
Companhia |
Dívida bruta |
Caixa |
Dívida líquida |
Geração operacional |
Alavancagem |
Shell |
92,48 |
19,0 |
73,48 |
20,62 |
3,6 |
Petrobras |
118,17 |
21,0 |
97,17 |
26,10 |
3,7 |
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Tabela 4: Dívida bruta, caixa, dívida líquida, geração operacional (bi US$) e alavancagem para Shell e Petrobrás (2016)
Com o artigo, os autores chamam a sociedade brasileira para enfrentar o novo desafio:
“O desafio dos patriotas é mudar a estratégia da Petrobrás, defender seus ativos da privatização, evitar que o Brasil entre em novo ciclo do tipo colonial e primário exportador. O desafio é preservar e desenvolver a integridade da Petrobras, gerando valor da produção de petróleo à petroquímica e à química fina. O desafio é utilizar plenamente nossas refinarias e desenvolver a comercialização do gás natural, do GLP e dos combustíveis líquidos para desenvolver o mercado brasileiro que é grande e tem enorme potencial de crescimento...
O desafio é conquistar e exercer a soberania nacional e assim usar os recursos naturais brasileiros em favor da maioria, pela primeira vez em nossa História.”
Leia, releia, discuta e repasse. Faça a sua parte. Leia a íntegra do artigo aqui.
Fonte :AEPET
Comentários
Boa parte de suas dúvidas estão respondidas no artigo "Avaliação dos maus investimentos e da corrupção na formação da dívida da Petrobras" publicado recentemente. (Pode buscar no ggogle).
Com relação à corrupção é um assunto a ser tratado pela PGR e pela justiça. Isto não pode justificar a paralisação no desenvolvimento de importantes projetos da empresa. Os corruptos, sejam eles quem forem, devem ir para a cadeia.Não se iluda quanto às grandes petroleiras, pois todas elas tem histórico de falcatruas e corrupção
Com relação à situação financeira, ela é demonstrada através de números e indices ( saldo de caixa, liquidez corrente, geração operacional de caixa etc). Neste *ecto a situação da Petrobras é muito mais confortável que das demais petroleiras Falar sobre isto tem de ser com criticas aos números, que são frios e não tem partido.
Forte abraço
Cláudio
De novo essa meia-verdade?
O problema nesses segmentos em particular é que sua rentabilidade é baixa se comparado com a produção e venda de óleo cru, além do que foram também fortemente impactados por projetos de cunho político eleitoreiro e pelos altos custos advindos da má gestão e roubalheira, o que levou a diminuição da sua taxa de atratividade e ao aumento do tempo de retorno....ou ainda pior, projetos que são considerados "impagáveis".
Apesar de estrategicamente equivocado, começar por esses projetos passou a ser uma alternativa financeiramente mais viável pois os valores recebidos poderão amortizar os serviços da dívida além de fazer a Cia deixar de perder dinheiro em instalações/unidades que a "holding" precisa fazer aportes periódicos para fechar as contas. Chega de perder dinheiro né.
Enfim, temos de reconhecer que achar diante das opções que se colocam pra os nossos gestores, achar uma saída pelo "menor arrependimento" não é fácil.....