No final de agosto deste ano, foi verificada a chegada de óleo nas praias da Paraíba. Essas manchas foram caracterizadas como óleos de densidade elevada e provenientes de longas distâncias no oceano Atlântico por meio da corrente Sul Equatorial.
Sem reação à altura por parte dos órgãos competentes, este evento foi se tornando um grande desastre que atinge, até este momento, longas extensões da costa brasileira: do Nordeste (até o Maranhão) ao Sudeste (chegando ao Espírito Santo e indo para o Rio de Janeiro). As implicações para a saúde e segurança alimentar das populações afetadas é enorme, tanto pelo impacto nos pescados, quanto pela interrupção das atividades sócio econômicas de lazer, turismo ou comércio.
Há muito tempo já se conhece e pratica, no mundo inteiro, abordagens para gestão, monitoramento e mitigação de desastres ambientais, incluindo pesquisas científicas e participação das comunidades afetadas. No âmbito institucional, temos planos de contingenciamento (PNC) para desastres ambientais que não foram aplicados corretamente. O governo atual desmontou o conselho para planejar e executar os planos de contingência, engessou as ações preventivas e fiscalizadoras dos órgãos ambientais e apresentou lentidão nas ações emergenciais para mitigação do desastre atual. As comunidades costeiras afetadas, as universidades locais e os órgãos municipais e estaduais atuaram de modo voluntário, sem coordenação central, sem articulação e comunicação. Muito tardiamente o governo designou a Marinha como centralizadora das ações.
Além disso, no Brasil, o debate sobre a questão ambiental tem sido distorcido para uma visão de que a pauta ambiental prejudica o desenvolvimento econômico, desviando da visão ampla que engloba as dimensões ambiental, social e econômica.
Diante dessas constatações, devemos:
- Exigir ações permanentes do Estado brasileiro, como o imediato restabelecimento dos conselhos com focos ambientais e sociais, valorizando a participação de representantes de entidades e comunidades da sociedade;
- Destacar o imediato estabelecimento de um Conselho Nacional para gestão das contingências, diante da poluição causada por lançamento de óleo em proporções continentais, com a participação de órgãos públicos e da sociedade civil;
- Estimular pesquisas para aprofundar a origem, a localização e o montante de óleo vazado;
- Propor planos locais para monitoramento regional da costa em conjunto com universidades locais, órgãos governamentais e movimentos sociais;
- Estudar e estabelecer, em conjuntos com os representantes das comunidades atingidas pelo desastre, projetos de mitigação, apoiando financeiramente a implantação dos mesmos;
- Resgatar conceitos focados na inseparabilidade das dimensões ambiental, social e econômica.
O texto foi elaborado a partir das discussões suscitadas após o debate com: Suzana Kahn, vice-diretora da COPPE; Luiz Landau, do Laboratório de Métodos Computacionais e Engenharia da COPPE (que detectou a origem do óleo); Rodrigo Leão de Moura, professor da Biologia/UFRJ e coordenador da Rede Abrolhos; e Eliete Paraguassu, pescadora quilombola da Ilha da Maré/BA, representando a Articulação Nacional das Pescadoras. O debate foi mediado por Luiz Pinguelli Rosa (COPPE) e Tatiana Roque (FCC).
*Nota do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE) e do Fórum de Ciência e Cultura da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)
Fonte: Clube de Engenharia
Comentários
Como já disse em outro tópico, um assunto sério sendo distorcido por conta da ideologia...lamentável!
Eu escrevi que o artigo não cita a região de onde foi retirado o óleo, no caso, a Venezuela. E afirmo e não tenho dúvidas de que não foi citado por razões ideológicas. Só isso!
Por acaso, existe essa citação no artigo?
Qual fato o sr. quer mais?
Vai lamber sabão e procurar a sua laia, azedo deve ser o seu cérebro!
Passar bem!
Está assim indicado para o prêmio ignóbil de ciência pelo grande viés lastrado em conhecimentos obtusos. Com se importasse a origem do óleo se o importante era e é combater o monumental desastre ecológico inicialmente olvidado pelos governo e mídia.
Este é o senhor pimenta ,sempre consonante com a bestialidade, a que quer dar relevância a origem do óleo só para apimentar seu medíocre discurso ou depoimento de pimenta de má qualidade. "Vade retro satana"
A origem do óleo é importante para que se possa tentar rastrear a embarcação que o transporta, sabichona!
Além de racista, o sr. se acha o rei do conhecimento mas não passa de um esquerdofrênico fracassado!
Vai plantar batatas!
Racista esquerdofrênico!!!
E quem vai pagar a conta, "jênio"
Em tempo: o óleo encontrado nas praias é do tipo extra pesado e não pode ser detectado por satélite em alto mar.
Vai estudar mais, racista!
A fonte do petróleo ser venezuelano é apenas importante para rastrear a origem da embarcação que fez o derramamento em alto mar e, depois da investigação, descobrir a empresa responsável por ela, aplicar as sanções e indenizações cabíveis.
O foco deste artigo é a displicência, a letargia das autoridades governamentais em esperar 41 dias depois de detectada a mancha de óleo em alto mar para ativar o PNC. Fruto do descaso, segundo o artigo, do corte de verbas dos órgãos fiscalizadores, aparelhamento anti ecologismo destes mesmos órgãos e descaso pura e simplesmente com a questão, só acionando a marinha depois do estrago já feito.
Suspeito que se este petróleo tivesse origem de uma fonte estadunidense o senhor não teria feito este comentário.