registrando um lucro de R$ 8,8 bilhões . Entretanto neste mesmo trimestre o resultado foi impactado positivamente em R$ 9,4 bilhões pelo lucro obtido na venda das ações da BR Distribuidora. Portanto sem este efeito extraordinário e não operacional, a companhia registraria um prejuízo de R$ 0,6 bilhões .
No acumulado dos 9 primeiros meses de 2019 o lucro informado alcançou R$ 32 bilhões, do quais R$ 30 bilhões obtidos pela venda da TAG (R$ 21 bilhões no segundo trimestre) e agora com a venda da BR Distribuidora (R$ 9 bilhões). Portanto operacionalmente o lucro obtido até o momento é de somente R$ 2 bilhões.
Ocorre que neste mesmo período a Petrobras já distribuiu aos acionistas R$ 3,9 bilhões sob o título de “juros sobre o capital próprio”. Portanto, deste valor (R$ 3,9 bilhões), R$ 1,9 bilhões foi coberto pela venda de ativos. Assim, mais uma vez, o discurso de que a venda de ativos é para reduzir a dívida, cai por terra.
É bom lembrar que a atual estrutura do capital total da Petrobras, tem a União com 28%, o BNDES com 15 %, os brasileiros na Bovespa com 21% e os estrangeiros na Bovespa e na NYSE com 36%. Como a União e o BNDES não atuam no dia a dia das bolsas, esta atividade está entregue aos brasileiros 21% e estrangeiros 36%. Portanto , nas bolsas, a participação estrangeira representa 63% das ações da companhia, com estranhas atuações de grandes fundos como o Black Rock, conforme registramos no artigo “Petrobras : fatos relevantes e preocupantes”.
O efeito negativo das vendas de ativos nos resultados da empresa já estão sendo sentidos. Para quem não sabe é bom salientar que, como sempre mostra a revista Exame “Maiores e Melhores”, a BRDistribuidora é a segunda maior empresa brasileira, superada apenas pela própria Petrobras. A terceira maior empresa é a Ipiranga e a quarta é a Raizen (Cosan/Shell). A Vale é apenas a quinta maior empresa brasileira.
A venda do controle da BR Distribuidora representou um lucro de R$ 9,4 bilhões para a Petrobras, mas vai levar à perda de mais de 10% da receita da companhia daqui para frente ( em torno de R$ 40 bilhões ano), como mostra a nota explicativa copiada a seguir :
Outros sinais começam a surgir.
LIQUIDEZ CORRENTE
A Liquidez Corrente é calculada pela divisão do Ativo Corrente pelo Passivo Corrente. Mostra a capacidade da empresa cumprir com seus compromissos de curto prazo (um ano). Há mais de 10 anos a Liquidez Corrente tem se mantido sempre acima de 1,5. Significa que para cada R$ 1 que a empresa tinha a pagar ela sempre dispunha de R$ 1,50 ou mais. Situação confortável que por si só mostra que a companhia nunca teve problemas financeiros .
No entanto as coisas vem mudando rapidamente. Em dezembro de 2018 a empresa registrou Liquidez Corrente de 1,48. Em junho de 2019 caiu para 1.31 e em setembro de 2019 foi de 1,1
É clara a deterioração da tranquilidade financeira.
GERAÇÃO OPERACIONAL DE CAIXA (1)
A Geração Operacional de Caixa é o recurso que sobra depois de cobertos todos os custos e despesas da empresa. É o recurso que pode ser destinnado para atender o serviço da dívida, fazer investimentos e distribuir dividendos.
Há mais de 10 anos a Geração Operacional de Caixa anual da Petrobras tem se mantido acima de US$ 25 billhões. Em 2018 foi de US$ 26,4 bilhões.
Ainda não temos os resultados do 3º tri de 2019 em dólares, mas sabemos que até junho/2019 a Geração Operacional de Caixa somava US$ 9,6 bilhões indicando que pela primeira vez, há mais de 10 anos, em 2019 será inferior a US$ 20 bilhões.
CONCLUSÃO
Com a venda injustificada de importantes ativos feita para atender interesses contrários ao desenvolvimento da Petrobras e do Brasil a empresa caminha no sentido inverso daquele que motivou sua criação : a autonomia e independência energética do país.
O resultado de 2019 tem sido mascarado pelo efeito da venda de ativos. Este processo deve continuar no 4º trimestre com o recebimento do “bônus” (R$ 33 bilhões) do leilão do excedente da cessão onerosa, e no início de 2020 com a venda das refinarias
Hoje ela passa por um turbulência financeira em termos operacionais que será amenizada com a adequação de sua estrutura à de uma empresa com atividade limitada à exportação de óleo crú , o que será alcançado com muita demissão e desmonte.
Com a entrada em operação de novas unidades de produção, cuja existência é devida unicamente aos investimentos feitos no período 2009/2014, certamente ela voltará a apresentar bons resultados operacionais , forte Geração Operacional de Caixa e muita distribuição de dividendos.
Com isto os atuais administradores dirão ao povo brasileiro : RECUPERAMOS A EMPRESA.
Isto não é só lamentável, é um crime sendo cometido de maneira sórdida contra o futuro do país. Futuro de nossos filhos, netos e bisnetos. A história nos cobrará.
E assim segue o cortejo, sem choro nem vela, pois o povo nem informado foi. Por cima só uma fita verde e amarela “Aqui jaz Petrobras”
Cláudio da Costa Oliveira
Economista da Petrobras aposentado
(1) A administração da Petrobras insiste em estabelecer métricas utilizando EBITDA que é um indicador não padronizado o que prejudica a comparação com outras empresas . A própria companhia reconhece isto nos Glossários apresentados nos Releases de Resultados. Julgamos que a Geração Operacional de Caixa é o indicador mais adequado pois alem de ser padronizado é mais preciso pois considera (diferente do EBITDA) a variação do capital de giro. Nenhuma grande petroleira internacional publica EBITDA em relatórios oficiais.
Comentários
Chora mais, chora!!!
"Síndrome de cachorro vira latas, nascemos para ser colônia", alguém já disse isso uma vez.
Ajunta-se a isso as expressões aos *ectos culturais brasileiros. Temos agora a comemoração do Halloween; fazemos delivery e batemos continência para a bandeira americana.
Muito bom. Lembro da música:
"o patrão mandou falar com a língua enrolada, do you like macacada? do you like macacada? e mandou botar wisky na feijoada, do you like macacada? do you like macacada..."
Quanto a Dallagnol e Moro, eles prestaram um excelente serviços a quem queria ver este país colônia mais uma vez.
José Saramago
"Gerando empregos", não nessa empresa. Talvez de entregador de Uber foods, motorista de aplicativo e vendedor de churrasquinhos na rua...
Senhores, vão se informar primeiro antes de dar opinião sem qualquer fundamento. Chega disso, já deu...
"No 3T19, as despesas com vendas e gerais e administrativas foram de R$ 7,0 bilhões, um aumento de 19,1% em relação ao 2T19, principalmente devido ao aumento dos gastos logísticos para a utilização dos gasodutos. Excluindo esse efeito as despesas com vendas e gerais e administrativas não teriam variado em relação ao 2T19."
Esse trecho pode ser encontrado na página 10 do referido relatório.
Maracutaia é todo negócio bom que "eu" fiquei de fora... Veja se faz sentido!!!
Na verdade, é isso que está acontecendo, não é a sua casa, seu apartamento ou seu carro, mas seria o emprego do seu filho, seu sobrinho ou talvez o seu neto, se a empresa sobrevivesse.
Com tudo de errado que já aconteceu nessa empresa no passado, nada se compara ao que está acontecendo agora. E vocês aí, procurando um lado para meter o pau.
São vocês que estão perdendo seu patrimônio e não argentinos, ou ingleses ou americanos.
Continuem assim, culpando o outro e deixando acontecer, sempre culpando o outro. Quando abrirem os olhos, será tarde.
De tanto ver a AEPET criticar a Petrobrás concluo que ela
é uma empresa inútil e só envergonha o país.
A solução é privatizar.
Afinal governos anteriores deram de presente uma refinaria para Bolívia, compraram uma sucata em Pasadena e congelaram preço dos derivados numa SA. gerando açoes judiciais.
Estava tão boa a situação na época que nao lembro de críticas. Ou será tudo politica partidária?
Leu o artigo e usou o argumento da "crítica" do autor para tirar esta conclusão errada?
Se você discorda dos argumentos ou dos números do autor, ok, apresente os seus e justifique sua opção pela privatização.
Mas quem lê e concorda com os argumentos e os números do autor conclui que o que tem que ser trocada é a GESTÃO, não a posse da empresa, parando de vender ativos lucrativos sob pretexto de abater uma dívida (que não está sendo abatida), AO MESMO TEMPO EM QUE DESVIA RECURSOS SOB A FORMA DE DIVIDENDOS (QUE NÃO PAGAM IMPOSTOS) para acionistas privados no Brasil e no exterior.
Gestão PREDATÓRIA, AUTOFÁGICA, TEMERÁRIA esta que está unicamente tirando da empresa a capacidade de gerar lucro no futuro, transformando-a num elefante branco.
Privatizam os ativos da empresa sob a justificativa de reduzir a dívida, mas utilizam os recursos recebidos em grande parte para pagar dividendos, como explicitou o artigo.
Hoje ainda existem mecanismos para brigar pela destinação da riqueza petroleira; após uma eventual privatização, nada mais poderá ser reclamado.
Agora se acharem pouco os R$ 6 bi que a empresa reconhece nesse 10 anos, faça um chute. imagine que seja R$ 80 bi. Será 2,67% ....
Óbvio que a corrupção é inadmissível. Entretanto isso é de muiiiiiiito longe os problemas principais da empresa. Inclusive que este próximo de quebrar por esse motivo.