Segundo o IBGE, a indústria de diesel é a mais importante do país; as vendas de diesel geraram quase R$ 140 bilhões no acumulado de 2016 e 2017. A indústria de venda do petróleo bruto ficou em segundo lugar, gerando R$ 103 bilhões em dois anos.
É importante ter esse dado em mente, porque ele mostra que se ganha mais dinheiro com a venda de diesel do que com petróleo bruto. E o grande capital é atraído para onde há mais dinheiro, naturalmente.
No balanço da Petrobras divulgado há alguns dias, há um dado interessante, sobre o qual a imprensa nunca chama a atenção.
No segundo trimestre de 2019, a receita de vendas total da Petrobras foi de R$ 72,56 bilhões; desse total, 65%, ou R$ 47,65 bilhões vieram da venda de derivados.
Apenas a venda de diesel representou 32% de todo o faturamento da Petrobras.
No primeiro semestre de 2019, a venda de diesel injetou R$ 44 bilhões nos cofres da Petrobras; a gasolina, mais R$ 19 bilhões; ao todo, a venda de derivados rendeu R$ 90,2 bilhões à estatal.
Por aí se vê os interesses envolvidos na privatização das refinarias da estatal. Elas são o ativo mais lucrativo da companhia.
Entretanto, há um outro fator fundamental para se mensurar a importância vital do óleo diesel para a economia brasileira, que é o fato dele ser o produto que mais pesa em nossa balança.
Números atualizados até julho pelo Comexstat, o banco de dados do governo para o comércio exterior, revelam que o Brasil importou um total de US$ 6,0 bilhões em óleo diesel nos últimos 12 meses, o que corresponde a cerca de R$ 24 bilhões.
O diesel é, de longe, o nosso principal gasto de importação.
É interessante observar, aliás, que os quatros produtos mais importados pelo Brasil, nos sete primeiros meses de 2019, são ligados diretamente à indústria petrolífera; por ordem de grandeza, foram: óleo diesel, petróleo bruto, plataformas de petróleo, e nafta. Um pouco mais adiante, na décima posição, encontramos a gasolina.
Recapitulando, o diesel é a nossa maior indústria, faturando de 60 a 70 bilhões de reais por ano, representa 32% do faturamento da Petrobras, e gastamos, por ano, mais de R$ 24 bilhões com a importação de óleo diesel.
Infelizmente, a Petrobras não está investindo muito em sua indústria de refino, como se pode ver pelos números atualizados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que mostram um declínio acentuado do volume processado em nossas refinarias.
Outro ponto que vale a pena notar é a concentração das importações brasileiras de diesel em apenas um fornecedor. A maior parte do diesel que importamos vem dos EUA. Nos sete primeiros meses do ano, 82% do diesel importado pelo Brasil veio dos EUA. Este ano também voltamos a importar da Índia, após dois anos sem comprar nada de lá.
Na contramão da produção brasileira de diesel, que vem caindo, as compras de diesel estrangeiro, especialmente dos Estados Unidos, não páram de crescer. No acumulado de 12 meses até julho, os EUA exportaram US$ 5,16 bilhões em diesel para o Brasil, um recorde histórico. A queda no volume em 2019 foi compensada por preços mais altos.
Os Estados Unidos também aumentaram muito a venda de gasolina ao Brasil.
No acumulado de doze meses até julho último, os EUA exportaram US$ 1,12 bilhão em gasolina para o Brasil, um aumento de quase 40% sobre o ano anterior, e igualmente um recorde histórico.
Em volume, as exportações americanas de gasolina para o Brasil, nos últimos doze meses, cresceram 46% sobre o ano anterior!
Em reais, o Brasil gastou R$ 25 bilhões nos últimos 12 meses, com a importação de gasolina e diesel, considerando apenas o produto fornecido pelos Estados Unidos.
No acumulado dos últimos 36 meses, até julho de 2019, o Brasil gastou, apenas com a importação de óleo diesel e gasolina fornecidos pelos Estados Unidos, um total de US$ 16,2 bilhões, o que corresponderia, no câmbio de hoje, a R$ 64,0 bilhões.
Na tabela abaixo, do balanço da Petrobras, confira os gastos com impostos e pesquisa e desenvolvimento tecnológico: a Petrobras contribuiu com R$ 612 milhões em impostos no primeiro semestre de 2019. Por aí se vê a importância da companhia permanecer estatal. A companhia também investiu R$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento tecnológico no primeiro semestre do ano.
Na tabela de custos, observe o item “participação governamental”, que é o montante de dinheiro que a Petrobras repassa ao governo: apenas no primeiro semestre de 2019, a companhia transferiu aos cofres públicos um total de R$ 19 bilhões. Multiplicando por dois, para estimar o quanto a companhia deve transferir ao governo em 12 meses, temos quase R$ 40 bilhões. O Bolsa Família, um dos maiores programas sociais do mundo, que beneficia quase 14 milhões de famílias, custa cerca de R$ 30 bilhões por ano.
Fonte: O cafezinho
Comentários
A Petrobras não tem por objetivo nem diminuir a produção nem viabilizar a importação. Ao praticar política de preço de paridade de importação, incluindo o frete, viabiliza a importação. O objetivo é uma política de preços rentável. Talvez maximizando um pouco além do razoável. A política de preços viabiliza a importação. A importação causa a redução de carga das refinarias. Consequentemente exportamos mais petróleo.
E não é a Petrobras que está importando os derivados. São as distribuidoras ou traders.
Cenário 1:
Empresa A tem participação no mercado de 1000, produzindo a 900: lucro 100, lucratividade 10%.
Cenário 2:
A mesma empresa A aumenta sua lucratividade elevando seus preços, mas perde mercado e passa a vender 200 produzindo a 160: lucro 40 (2,5 vezes menor) mas com lucratividade 20% (2 vezes maior).
Você prefere ser acionista desta empresa em qual cenário?
Se não for um tolo, no cenário 1 que vai pagar mais dividendos.
E se esta empresa for nacional e a perda de mercado for para importadores, qual cenário é o melhor para a balança comercial deste país?
Novamente o cenário 1, menos importações.
Então, se o cenário 1 é melhor para acionistas e para o país, porque esta empresa escolhe o cenário 2?
Resposta: a gestão da empresa é de ideologia de estado mínimo e está com um firme propósito de livrar-se dela a qualquer preço. Castelo Branco declarou isto.
Seus conceitos sobre "participação" e "produzindo" são um tanto precários para uma análise econômica, mas, supondo que "participação" seja receita e "produzindo" seja custo de produção, apresento um segundo exemplo, onde devido ao aumento de preço a participação no mercado caia VOLUMETRICAMENTE em 10% mas devido ao aumento de preço a receita pouco caia, poderíamos ter:
receita: 990
custo: 860
lucro:130
Qual a maior lucratividade, qual o maior lucro
Como eu disse, inventando números a gente demonstra o quê quiser.
Vc já ouviu falar en elasticidade de demanda? demanda elástica? demanda inelástica?
São conceitos importantes.
Esta é uma "estratégia" da gestão atual da PB para reduzir sua participação no mercado ("estamos muito sozinhos no mercado e isto não é bom!?!", diz o presidente da PB, Castelo Branco).
A mesma coisa está acontecendo com o diesel, que a PB insiste em vender com preço de importado INCLUSO O FRETE DE IMPORTAÇÃO.
Como muito bem disse o Rodrigo em seu comentário, é uma atitude canalha que visa indispor a população com a PB e tornar deglutível a tese da privatização da estatal "por que é ineficiente".
O que eles não dizem é que só será uma mudança de dono, não vai acrescentar nada à produção, há excesso de capacidade instalada no mundo e o comprador da PB vai trazer seu derivado que ele já tem lá fora e vai cobrar o que quiser, pois será dono do monopólio regional.
Doando BR distribuidora, refinarias, pré-sal e etc.
VENDILHÕES
Não podemos defender subvertendo a lógica da maximização do ganho pois temos de ter maior retorno de capital...e ponto.
Como dito, insistir na produção interna perdendo mercado é de um contra senso risível.
É.....cada vez mais me convenço que CEGUEIRA IDEOLÓGICA É PIOR QUE BURRICE...
A PB produz derivados com preço capaz de competir com folga com o importado.
Ao contrário do que você escreveu a PB não está ganhando mais com compra e venda de importado.
As importações estão derrubando o lucro da PB por que também são feitas por outros importadores e tiram o mercado da PB.
No 1º trimestre de 2019 o lucro líquido da PB foi de R$ 4 bilhões, bem menor que no 1º trimestre de 2018 que foi de R$ 7 bilhões. Neste 2º trimestre de 2019, descontando a venda da TAG, o lucro líquido foi de R$ 5,2 bilhões, de novo menor que no 2º trimestre de 2018 que foi de R$ 10 bilhões.
O lucro caiu porque a PB PERDEU MERCADO, justamente por equiparar seus preço aos dos importadores, quando não precisa disto.
O motivo desta atitude eu já escrevi em outro comentário nesta matéria, respondendo a uma pergunta feita pelo Heitor.
Ora , se nós temos petróleo , refinarias , infra estrutura de transporte e distribuição, continuo sem entender! Alguém pode me explicar?
Eu só queria " ENTENDER " .