A vocação entreguista das seguidas gestões da Petrobrás, comandada no governo de Jair Bolsonaro por Roberto Castello Branco, não tirou da empresa seu papel de destaque entre as estatais brasileiras e as petrolíferas do mundo.
A avaliação é do conselheiro da Associação de Engenheiros da Petrobras (Aepet) e do Petros Ronaldo Tedesco. Ele destacou que o processo de privatização pelo qual a companhia passa teve peso pequeno na diminuição do déficit nos últimos anos.
“A Petrobras teve uma redução brutal da sua dívida, foi inclusive a grande meta das últimas direções com Ivan Monteiro à frente, só que isso aconteceu, pelos estudos que fizemos na Aepet, com 75% dessa redução em função da geração de caixa e apenas 25% com a venda de ativos. Apesar de toda essa situação, a Petrobras continua bombando como uma empresa nacional, referência, como uma empresa rentável, com geração de caixa extraordinária”, citou.
O dirigente ressaltou, no entanto, que os planos de desestatização por ordem do Palácio do Planalto podem fazer com que os lucros da empresa sejam reduzidos drasticamente.
“O que está acontecendo é que o projeto do governo e da atual direção da Petrobras é contrário a isso, é de venda de ativos que vai reduzir a geração de caixa. A Petrobras pela sua excelência, qualidade dos profissionais, pelo projeto nacional integrado das refinarias, da exploração e da instituição, continua sendo uma potência econômica e vive esse momento difícil muito mais em função da gestão privatista que está sendo feita do que propriamente por sua característica intrínseca de empresa integrada a nível nacional”, continuou Tedesco.
O Petros, plano de Previdência dos profissionais da Petrobras, atravessa dificuldades de financiamento por conta da falta de gestão da estatal, responsável única por controlar todos os processos, escolhendo diretores e conselheiros.
Em uma tentativa de salvar o Petros, foi aprovado em 2017 o pagamento de contribuições extraordinárias, que elevaram em média ao triplo o valor dos descontos de funcionários da ativa e de aposentados. As entidades dos petroleiros buscaram decisões liminares na Justiça para evitar que a medida fosse posta em prática.
“Esse pagamento inviabiliza não só o plano como a vida das pessoas. Essa gestão da Petrobras tem se mostrado desastrosa, eles acusam governo A, B e C, se dizem vítimas do processo da Lava Jato, mas na verdade dentro da Petros a Petrobras não é vítima, é algoz. Ela é a grande responsável por toda essa situação”, declarou o conselheiro.
A solução para o plano de Previdência da estatal só se dará com a participação dos profissionais da empresa na gestão do Petros, na opinião de Tedesco. Entretanto, ele admite que as intenções do governo Bolsonaro são outras.
“Acredito que a gente tem condição de reverter essa situação, mas para isso a Petrobras terá de ceder na própria gestão da Petros, ela tem de ser compartilhada com os trabalhadores, mas infelizmente esse não é o projeto do governo. O Paulo Guedes está querendo nomear uma super agência com seguros privados e também Previdência complementar fechada, que estaria sob a égide da Solange Vieira, que foi a responsável pelo fator previdenciário, ou seja, boa coisa não vem daí”, lamentou.
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Comentários
Não estou aqui isentando a parti que cabe a PETROBRAS....mas esquecer quem nos colocou nessa roubada é....sem comentários.
Qualquer citação a eles é totalmente despregada da realidade, onde todas as alíneas do déficit, sejam de responsabilidade paritária participantes/patrocinadoras ou não (só patrocinadoras ou só PETROS), TUDO está diretamente ligado a Lula e a Dilma, em esquema de indicações políticas e sindicais em patrocinadoras, fundos de pensão e até nas entidades reguladoras.
Foi desse jeito que fomos levados às TRIPLICAÇÕES de contribuições, o que perdurará por DEZOITO anos do resto de nossas vidas (o que for menor).
Mania boba de esconder os REAIS culpados citando outros que NADA TÊM A VER!!!
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Em tempo: Bolsonaro, 01, 02 e 03 não têm nada a ver NESSE caso, nada afirmo quanto a quaisquer outros casos, mas espero qualquer indicação real. Eu não ganho nada para defender ninguém, mas acusações pueris como essa acima são incabíveis.
A nós resta cobrar de quem pode pagar, no caso a Petrobras, real potência econômica ainda combalida de estado de pré-falência ao qual se dirigia. Tivemos sorte dela ainda existir e ser pujante, pois só dela agora podemos cobrar responsabilidade (que existe, pois mecanismos internos não evitaram os seguidos saques).
Não serão os governantes anteriores, as agências reguladoras e nem mesmo o governo atual a nos socorrer com injeção de dinheiro ou perdão de dívidas existentes.
Resta-nos a triste saída de achacar a empresa a assumir os desmandos, mesmo sendo ela própria vítima do esquema (de nível presidencial) ao qual foi forçada por LEGÍTIMOS PREPOSTOS, razão também da culpa da empresa (no total).
Muito triste isso!