fez, tempos atrás, comparação esdrúxula do petróleo com o trigo.
Deu explicação simplória, reducionista: quando os preços do trigo sobem no exterior, é necessário reajustar o valor do pão.
A afirmação pode convencer incautos, cidadãos desavisados, consumidores desinformados.
Na realidade esta política de preços, de orientação entreguista, está prejudicando não apenas a REVENDA, constituída por milhares de empresários brasileiros, segmento fundamental de nossa economia, mas, também, milhões de consumidores. A PETROBRÁS e a economia do país, também são sacrificadas.
Os preços elevados desgastam a imagem da PETROBRÁS. A quase totalidade da população não sabe que a Companhia recebe menos de 25% do valor pago pelo consumidor, que inclui mais de 50% de tributos. Ocorrem, em todo o país, justos protestos contra esta política, com bloqueios nas estradas, greves de caminhoneiros, cercos às bases de distribuição da PETROBRÁS.
Aponto alguns aspectos negativos desta política, que somente favorece as grandes distribuidoras privadas, importadores de derivados e fornecedores estrangeiros, notadamente os norte-americanos. Cerca de 82% das importações brasileiras de diesel são provenientes dos Estados Unidos. Por isto o Corpo Técnico da PETROBRÁS classifica esta política como “AMÉRICA FIRST”.
Em 2017 foram nada menos de 127 alterações nos preços nas refinarias, desorganizando o mercado, confundindo revendedores e consumidores. As distribuidoras se aproveitam das freqüentes mudanças de preços para aumentar seus lucros, com prejuízos para a REVENDA.
Esta política, todos sabem, é uma velha aspiração das companhias multinacionais, que desejam globalizar os preços do petróleo, derivados e gás natural, desconsiderando as peculiaridades de cada país;
Será razoável submeter os consumidores e a economia brasileira aos preços internacionais, sabidamente voláteis, sensíveis a fatores múltiplos sobre os quais não temos qualquer controle?
Por que preços internacionais, se não temos salários, renda per capita, IDH nivelados aos dos países ricos?
O que tem o consumidor brasileiro a ver com as tensões no Oriente Médio, os furacões no Caribe e nos USA, as disputas internas na Arábia Saudita, as bravatas e escaramuças do presidente TRUMP com o líder norte coreano? Temos, no Brasil, invernos severos, nevascas, temperaturas de até 50 graus negativos? Devemos punir os consumidores brasileiros pelas elevações de preços decorrentes de crescimentos sazonais da demanda?
O Brasil é um grande produtor de petróleo, a custos inferiores aos vigentes no mercado internacional e pode se aproveitar deste fato, dando competitividade à sua economia, beneficiando os consumidores e remunerando, adequadamente, a PETROBRÁS e demais agentes da cadeia; Preços muito elevados da energia – e o petróleo é a maior fonte de energia primária no Brasil – tiram a competitividade da economia brasileira, já tão sacrificada, por juros extorsivos, pesada carga tributária, graves deficiências de logística dentre outros inconvenientes. Ademais, reduzem a demanda, já impactada negativamente por forte recessão.
Decorrido pouco mais de um ano desta política, insensata e impatriótica, o que vemos é a maciça importação de diesel e gasolina, combinada com o absurdo, ainda maior, de uma ociosidade de mais de 25% no parque de refino nacional; Além disso as exportações de óleo cru dispararam, deixando o país de se beneficiar com o valor agregado proporcionado pelo refino.
No período de janeiro a novembro de 2017, as importações de gasolina e as de diesel explodiram, chegando ao absurdo de mais de 200 milhões de barris, nível jamais alcançado, nem mesmo quando nossa economia apresentava bom desempenho.
Esta brincadeira de mau gosto custou ao país, nos últimos doze meses pelo menos uns US$ 8,00 bilhões em importações.
Sendo o revendedor o último elo de uma cadeia que inclui, também, importadores, refinadores, formuladores, transportadores e distribuidoras, ele é, ainda, acusado de ser o VILÃO desta política, ditada pelos que hoje comandam a PETROBRÁS.
Os dados da ANP mostram que os preços da gasolina aumentaram 9,40% em 2017, quatro vezes mais do que a inflação (2,07% pelo INPC). No GLP, produto de amplo consumo pela população mais pobre, o sacrifício é ainda maior, traduzido em uma majoração superior a 16,30%, já descontada a inflação. A maior majoração dos últimos 15 anos.
É hora de rever esta insensata política, sem prejudicar a PETROBRÁS – e isto é possível – em benefício de nossa economia.
*Ricardo Maranhão, engenheiro é Conselheiro da Associação dos Engenheiros da PETROBRÁS e do Clube de Engenharia
Comentários
Período da coleta de 25/02/18 a 03/03/18.
http://gasolina.hotsitespetrobras.com.br/10-respostas-para-suas-duvidas/
Neste mesmo site existe um comparativo de preços com outras refinarias internacionais que comprova que o custo do produto na saída é equivalente, com o da Petrobras sendo ligeiramente menor.
Fica comprovado que o imbróglio do preço dos combustíveis não está no custo do refino, mas sim na excessiva carga tributária.
Lamento que a publicidade e a AEPET não divulguem estes fatos para esclarecimento, e quem perde com isto é a Petrobras!
http://gasolina.hotsitespetrobras.com.br/10-respostas-para-suas-duvidas/
13% - Distribuição e Revenda
13% - Etanol
30% - ICMS
16% - Impostos Fed
28% - Petrobras*
A partir de 28/07/2017 os impostos PIS/Cofins foram alterados de R$0,38 para R$0,79 o que equivale ~R$0,41 por litro de gasolina, e de R$0,24 para R$0,46 por litro de Diesel.
Período da coleta de 25/02/18 a 03/03/18.
Neste mesmo site existe um comparativo de preços com outras refinarias internacionais que comprova que o custo do produto na saída é equivalente.
*Deve se ressaltar que na porcentagem referente a Petrobras, a mesma já recolheu os Royalties para alguns estados principalmente o Rio. No meu modo de entender Royalties é um imposto, portanto deveria ser demonstrado a parte, e não ser absorvido pela Petrobras.
O sr. Siqueira já escreveu um artigo para a AEPET abordando este assunto.
entra como custo de matéria-prima.
E quando o imposto é alto, assim como acontece como o cigarro, o contrabando, a falsificação por meio de “aditivos” ou “batizados” e a sonegação se multiplicam, porque a trapaça vale a pena.
Tentativas de unificar alíquotas do ICM fracassaram.
Um comparativo de preços de venda com as demais refinarias no mundo confirma esta paridade, não entendo por que não é divulgado.
Portanto o imbróglio do preço dos combustíveis não está no custo do refino e na margem dos postos, mas sim na carga tributária.
Exemplo: se "a quase totalidade da população não sabe que a Companhia recebe menos de 25% do valor pago pelo consumidor", por que não esclarecer que a distribuição no Brasil recebe percentuais 4 ou 5 vezes maiores que em qualquer outro país do mundo? Isso a própria AEPET já esclareceu tempos atrás, mas "perdeu a mão" de demonstrar verdades e dá espaço a quem trás, no máximo, meias verdades.
Ele também esqueceu de falar que os recordes de importação que se quebram agora são apenas 5% maiores que os valores de 2014, tempo em que Maranhão, cooptado pelo "status quo" anterior, calou-se totalmente.
Portanto, perguntinha simples: o que mudou para que você acorde agora, Ricardo Maranhão? Sei ...
O que não faz sentido é colocar um prêmio sobre a cotação, o que viabiliza a importação de derivados.
Mais um "artigo" com a "qualidade" da AEPET.
Nossa empresa tem de agir como empresa e ficar em seus resultados financeiros e participação de mercado.
As políticas populistas do governo anterior ajudaram em muito na criação de nossa monstruosa dívida.
Isso instigou. Ajude fornecendo mais informações sobre este prêmio ???
Que mudou? Se quase nada, por que acordaram assustados agora com críticas que não fizeram antes?
Alguém aqui quer convencer-me que esses importadores trazem derivados pelo preço total de "cotação internacional + frete" e não têm qualquer lucro? São santos que apenas trabalham pelo bem do consumidor e para "destruir a Petrobras"?
Çei ... tem gente que acha que somos idiotas de acreditar nisso (e acertam para muitos de nós, não há dúvida disso).
E isso tem se refletido no aumento das importações, quer você duvide ou não.
Portanto, assim como produção do Brasil cresce mais na parte do Pré-sal QUE NÃO É DA PETROBRAS porque esse Pré-sal foi privatizado pelo PT desde 2007, muito menos devemos nos espantar quando um recorde de 2014 é quebrado por muito pouca diferenã. Comparar 2017 com 2016 ou 2015 para espantar incautos é que não se mostra uma boa política informativa, que deveria ser objetivo principal da AEPET.
Estão ocorrendo importações recordes, ao mesmo tempo que as refinarias da Petrobras estão com um uso de 70-75%. Isso mostra claramente que o 'prêmio' está muito alto, viabilizando as importações.
Você tem preocupações monopolistas e de menor preço ao consumidor, coisas antigas.
Parece que pessoas mais inteligentes que você têm preocupações diferentes, mais voltadas para a parte "mista" da economia mista que é a Petrobras. E nesse caso, o domínio de parte menor do mercado, que pode ser revertido facilmente quando necessário, ao invés de "menor preço", visa exatamente o que a empresa necessita, que é "maximizar lucro", coisa extremamente necessária depois do vendaval de superfaturamentos, roubalheiras, propinas, preço subvencionado com objetivos eleitoreiros e dívida tiranossáurica que quase faliram a Petrobras.
Acorde e perceba que, além de atual, objetiva e necessária, a política de preços da Petrobras tem coerência.
Quem quiser retorno à situação anterior, que vote no PT de Lula e acabe de vez com a Petrobras em benefício de propinas pessoais e partidárias, como era antes.
Quem está falando que a Petrobras não deve ter lucro?
O preço na paridade da cotação internacional + frete é a política correta, o prêmio atual é altamente questionável. A cotação internacional, no caso o GoM como referência, já possui embutido o lucro da refinadora (a margem de refino).
Praticar cotação internacional + frete já garante um alto lucro para a Petrobras!
O que é mais vantajoso: 5% de prêmio e 75% de uso do seu refino, ou prêmio menor e 98% de uso do seu próprio refino?
O Prêmio apenas torna viável a importação. A Petrobras, como empresa mista, deve ter foco no lucro, mas não deve ignorar o market share.
O problema é que ao aumentar o preço acima da paridade, estamos incentivando a entrada de concorrentes... o que pode trazer grandes prejuízos estratégicos à empresa.