A estratégia da atual diretoria do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de acelerar os desinvestimentos da carteira da BNDESPar —braço de participação acionária do Sistema BNDES— no meio de uma das maiores crises econômicas da história resultou num prejuízo nominal da ordem de R$ 12 bilhões.
Diversos investidores privados comemoraram a "liquidação Covid da BNDESPar". Somente no "maior 'block trade' da história", como foi celebrado pelo presidente do BNDES num tuíte em agosto de 2020, o banco alienou 135 milhões de ações ao preço de R$ 60,26 por ação, resultando numa venda total de R$ 8,1 bilhões pela BNDESPar. Hoje, essa carteira valeria R$ 14,1 bilhões, e a BNDESPar ainda deixou de receber R$ 325 milhões em dividendos. O prejuízo para a instituição, portanto, dessa única operação, está na casa dos R$ 6 bilhões.
Fazendo a mesma conta para casos públicos de desinvestimento (usando a cotação em 8 de janeiro de 2021) chegamos ao número de R$ 12,2 bilhões de prejuízo. O valor total do prejuízo está concentrado em quatro principais desinvestimentos realizados: Petrobras (R$ 1,3 bi), Vale (R$ 7,5 bi), Suzano (R$ 2,5 bi) e Marfrig (R$ 0,8 bi). Esses ativos no momento de suas vendas tinham forte expectativa de valorização perante o mercado. Os desinvestimentos entre dezembro de 2019 e novembro de 2020 atingiram quase R$ 44 bilhões! Quase todos os desinvestimentos foram feitos após o aprofundamento da crise mundial causada pela pandemia do coronavírus.
O que faz o BNDES?
Que urgência poderia justificar essa liquidação de ações? A resposta certamente não foi o uso de recursos para combate à crise econômica. A evolução do balanço do BNDES entre o 3º trimestre de 2019 e o 3º trimestre de 2020 mostra que a carteira de crédito do banco encolheu R$ 10,5 bilhões.
A resposta também não vai ser encontrada na aplicação de recursos ao saneamento, como é constantemente propalado. O investimento em saneamento sofre para se recuperar. A verdade é que as alienações da carteira de ações tiveram até agora apenas um destino: "aplicações interfinanceiras de liquidez". Estas aumentaram de R$ 57,8 bilhões em setembro de 2019 para R$ 129,7 bilhões em setembro de 2020 e devem ter atingido valor próximo a R$ 150 bilhões ao final de 2020.
Para justificar a venda acelerada de ações, a atual diretoria inventou ainda a história de que o BNDES estaria sob grande risco caso atravessasse uma crise dado o alto grau de concentração da carteira da BNDESPar. Argumentou-se que o VAR da carteira (medida de risco) era muito alto e similar ao de Hedge Funds. Essa ameaça da carteira da BNDESPar vai contra toda a história de uma instituição que existe desde 1975. De lá para cá não faltaram crises e o BNDES nunca se viu ameaçado. A BNDESPar não opera fundos líquidos e, portanto, não está sujeita a resgates imediatos de investidores de curto prazo. A comparação com Hedge Fund não faz qualquer sentido.
Os técnicos do BNDES sabem desses fatos. Para adotar a atual estratégia a diretoria afastou os mais experimentados, deu poderes e informações inéditas a assessores externos e estabeleceu uma mudança radical em normativos e processos. Não há precedente na história do BNDES para um mudança dessa radicalidade.
A notória preponderância de administradores egressos do mercado financeiro na diretoria e no Conselho de Administração do BNDES deveria recomendar cautela especial com ações que geram benefícios bilionários para seus antigos (e futuros?) empregadores.
Arthur Koblitz, economista e presidente da Associação dos Funcionários do BNDES (AFBNDES); foi recém-eleito para integrar o conselho de administração do BNDES
Fonte: Jornalistas Livres
Comentários
Chegou ao conselho de administração do BNDES sendo ELEITO por seus pares, com 72,9% dos 1188 votos válidos dos 2.392
empregados aptos a votar.
Portanto, se o único argumento que você recorre para contra argumentar é apelando para desqualificar o autor, se ferrou.
E ele não reclamou que as ações subiram, seu retardado, ele reclamou que elas foram vendidas cedo demais em um momento que estavam com todos os sinais de que iriam valorizar, e isto acarretou em renúncia de ganhos ao BNDES que o mercado adorou, é claro, já que foi para mãos de investidores e não para o caixa do BNDES.
O que nos leva a conclusão que o imbecil aqui é o senhor.
Essas obras estão alinhadas com a Missão do BNDES?
Ficou sem ter o que falar e soltou essa de "puxar sacos de americanos"....baba ovo de cubano!!!
Isso porque, nas duas ações Petrobras, a PETR3 e a PETR4, quem vendeu em agosto/2020 teve grande lucro frente ao valor das ações alguns MESES DEPOIS.
Em agosto/2020, sem grandes variações no mês, em 17/08/2020 (só referência, data não importa muito) a PETR3 estava cotada R$23,26. DOIS MESES DEPOIS, em 28/10/2020, havia caído para R$18,64!
Já a PETR4, no mesmo dia 17/08/2020, estava a R$22,60. Também DOIS MESES depois, no mesmo 28/10/2020, havia caído para R$18,67.
Claro que ambas subiram depois para cerca de R$27, amplitude semelhante à da queda. Mas, se isso estivesse previsto, venda em outubro teria dobrado o prejuízo BNDES, correto?
Ou seja, pelo menos no "caso" Petrobras, esse lixo parece ter escolhido data para ser confeccionado.
Quando foi feita a aquisição destas ações e por que valor/ação?
Qual seria o valor de aquisição corrigido para a data da venda?
E, por último e MAIS IMPORTANTE: qual o link para a fonte de referência COM CREDIBILIDADE (a bolsa de valores onde estas ações foram negociadas serve) para poderemos conferir.
Sem estas referências mínimas, sua argumentação corre o risco de ser apenas conversa fiada, "fake" de bolsonarista.
E não queremos que isto aconteça, não é mesmo?
"Nem precisa deste trabalho todo", "o lucro deve ter sido enorme", blá blá blá.
Me dou ao trabalho sim senhor.
Suzano:
- máx ago/2020 R$53,58 (fechamento no dia 20);
- atual jan/2020 R$64,36 (fechamento dia 22)
"Prejuizo" R$10,78/ação
Mafrig:
- máx ago/2020 R$18,07 (fechamento dia 26);
- atual jan/2020 R$13,19 (fechamento dia 22)
"Lucro" R$4,88/ação
Vale:
- máx ago/2020 R$60,53 (fechamento no dia 18);
- atual jan/2020 R$93,17 (fechamento dia 22)
"Prejuizo" R$32,64/ação
Fonte: InfoMoney
Note que escolhi o MAIS ALTO PREÇO DE agosto/2020 e comparei com a cortação de hoje.
Exceto pelas ações da Mafrig, as demais valorizaram muito depois da venda em agosto.
Então parece que o o autor do artigo é que está certo e que é você que não sabe do que está falando.
O autor reclamou que a venda feita em agosto de 2020 foi de uma carteira de ações que estavam com tendência de alta, e não deveriam ter sido vendidas naquele momento, deveriam ter esperado realizar a tendência. Como o BNDES não esperou, deixou de ganhar.
O cálculo que fiz foi para verificar se o que o autor afirmou estava correto. E estava.
Caso você não tenha reparado, no meu comentário coloquei entre *as os termos "Prejuízos" e "Lucros", na vã esperança de que você entenderia que se tratava de "Deixou de ganhar vendendo em agosto" e "Ganhou tendo vendido em agosto".
Porque é disto que trata o texto do autor!!
Que você não entendeu ou fingiu não entender.
Só não expliquei melhor por conta do limite de 1000 caracteres para os comentários.
E então...como é a sensação de receber um xeque-mate de um "pombo"?!
Petr3 ou 4 valeria 60,26. Falou que a cesta de ações da Petrobras (R$ 1,3 bi-27,33 e 27,09), Vale (R$ 7,5 bi-93,27), Suzano (R$ 2,5 bi-60,46) e Marfrig (R$ 0,8 bi-13,19)- foi alienada pelos R$ 60,26. Há portanto uma confusão do senhor nos preços. Como os preços litados são de hoje tem que se ponderar ps preços pela quantidade de cada ação vendida parasse ter o valor médio.